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Bruno sai rindo de audiência no Juizado da Infância e Juventude em julho de 2010
No lugar das luvas, a
vassoura na mão. Há exatos dois anos, o goleiro Bruno Fernandes deixava
para trás a promissora carreira de jogador de futebol e se mudava para
uma cela de 6 m², na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na
região metropolitana de Belo Horizonte. Agora, o atleta faz parte do
time de presos que, de segunda a sexta-feira, faxinam o pavilhão onde
estão detidos.
A vida do jogador sofreu uma reviravolta no dia 7 de
julho de 2010, quando se apresentou à Polícia Civil do Rio de Janeiro e
foi transferido para a capital mineira, onde responde pelo sequestro e
morte da ex-amante Eliza Samudio.
No entanto, um de seus advogados, Rui Pimenta, diz
não ter dúvidas de que o goleiro vai ser solto e convocado para defender
a seleção brasileira na Copa do Mundo de 2014.
- Há um grande time carioca e outros dois paulistas sondando o Bruno. Mas, por enquanto, não posso dizer quais são.
Enquanto isso, Bruno segue a mesma rotina dos outros
detentos. Acorda cedo, por volta das 07h, e toma café da manhã, pão com
manteiga e café com leite. As refeições são servidas dentro da cela, em
horários específicos, em um marmitex e com talheres de plástico.
O goleiro também tem direito a duas horas diárias de
banho de sol, quando aproveita para treinar futebol. Em junho de 2011,
recebeu autorização da Justiça para ter uma bola, meia e caneleiras,
permitidos apenas neste horário. Sozinho na cela, possui uma televisão
de 14 polegadas, que ganhou de presente do seu primeiro advogado de
defesa, Ércio Quaresma.
O jogador frequenta cultos religiosos na cadeia, que
recebe regularmente a visita de padres e pastores que atendem cada preso
individualmente. Em seu pavilhão, já foram realizados um culto
evangélico e duas missas.
Bruno também ganhou o direito a visitas íntimas, que
acontecem uma vez por mês. Segundo a Secretaria de Estado de Defesa
Social (Seds), a avó e a noiva, Ingrid Oliveira, vão frequentemente à
penitenciária. As filhas do jogador com a ex-mulher, Dayanne Souza, de 3
e 6 anos, também estão cadastradas como visitantes e já estiveram na
unidade.
Dayanne conta que as filhas passaram por
acompanhamento psicológico e pedagógico e não vêem o pai há seis
meses.As meninas sempre pedem para ver o pai, que manda cartas pedindo
visitas. Segundo a ex-mulher, a família do goleiro liga pedindo que ela
leve as crianças até a penitenciária.
- Minha filha de três anos acorda chorando todo dia,
dizendo "quero ver meu pai". Ele teve um carinho ímpar com as crianças.
Elas sempre fazem cartas, e eu coloco no correio. Como a visita é dentro
da cela, a gente ainda tem um pouco de receio.
O goleiro já comemorou dois aniversários na cadeia e,
após a decisão do Ministério Público Federal (MPF), deve completar os
28 anos atrás das grades. Em junho, o órgão enviou um parecer ao STF
(Supremo Tribunal Federal) alegando que o atleta é perigoso e pode
influenciar os outros suspeitos do crime. A Justiça de Contagem concedeu
a liberdade condicional ao goleiro em relação ao processo que foi
condenado, no Rio de Janeiro, por agressão e cárcere privado de Eliza.
Mesmo assim, continuou detido devido ao mandado de prisão referente ao
assassinato da jovem.
Polêmicas
Desde que se entregou à polícia, Bruno foi centro de muitas polêmicas. Em julho de 2010, foi indiciado pelo sequestro e morte da ex-amante como mandante e executor do crime. Na ocasião, saiu sorrindo do Juizado de Infância e Juventude de Contagem. No mês seguinte, foi ovacionado por torcedores do Flamengo, no Rio de Janeiro, quando chegava a uma audiência.
Desde que se entregou à polícia, Bruno foi centro de muitas polêmicas. Em julho de 2010, foi indiciado pelo sequestro e morte da ex-amante como mandante e executor do crime. Na ocasião, saiu sorrindo do Juizado de Infância e Juventude de Contagem. No mês seguinte, foi ovacionado por torcedores do Flamengo, no Rio de Janeiro, quando chegava a uma audiência.
O goleiro também possui um extenso histórico de mal
estar em audiências. Em setembro de 2010, foi examinado em um hospital
da capital mineira e diagnosticado com depressão. Em outra ocasião, no
Fórum de Ribeirão das Neves, na região metropolitana, desmaiou e foi
retirado à pressas da sala de audiência com suspeita de convulsão.
Em 2011, o jogador protagonizou mais um escândalo, em
que denunciou a juíza Marixa Rodrigues e seu advogado, Robson Pinheiro,
de cobrarem R$ 1 milhão por um habeas corpus. Na época, a
magistrada pediu escolta devido a uma suposta ameaça de morte feita pelo
ex-policial civil, Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, também acusado
de participar da morte de Eliza. O jogador foi convocado para prestar
esclarecimento à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa
de Minas Gerais, onde chorou e beijou a noiva em frente às câmeras.
Em maio deste ano, a defesa do goleiro anunciou que
ele já assinou todos os papéis para assumir legalmente o filho de dois
anos e meio que teve com Eliza Samudio. O processo aguarda o parecer do
juiz. No entanto, a mãe da modelo, Sônia de Fátima Moura, disse que não
recebeu nenhuma notificação sobre o reconhecimento de paternidade e não
vê possibilidade de que isso aconteça.
— O advogado está tentando limpar a imagem dele,
coisa que não vai acontecer. Estão querendo que a sociedade engula um
assassino goela abaixo.
Mudança de estratégia
Durante os dois últimos anos, Bruno prestou diversos
depoimentos, mas optou pelo silêncio na maioria deles. O goleiro e os
outros sete acusados sempre negaram o crime. Em audiência no Fórum de
Esmeraldas, em outubro de 2010, ele chegou a dizer que Eliza estava viva
e morando em São Paulo.
No entanto, a defesa mudou de estratégia
recentemente. Neste ano, seu atual advogado, Francisco Simim, adimitiu
que a modelo está morta, mas afirmou que Bruno não está envolvido em seu
assassinato.
O caso Eliza Samudio
O jogador Bruno Fernandes e mais sete pessoas foram
indiciados pelo sequestro e morte de Eliza Samudio. A jovem desapareceu
em junho de 2010. No dia 25, seu filho foi encontrado na casa de uma
amiga da ex-mulher do goleiro, Dayanne Souza.
Após depoimento de todos os suspeitos, a polícia
concluiu que Eliza foi sequestrada com seu filho no Rio de Janeiro, no
dia 4 de junho, e levada para Minas Gerais. As investigações indicaram
que a modelo foi mantida no sítio de Bruno, em Esmeraldas, na região
metropolitana. Dias depois, ela teria sido assassinada na casa do
ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, em Vespasiano, também
na região metropolitana.
Apesar de o corpo de Eliza não ter sido encontrado, a polícia concluiu que ela está morta.
No final de junho deste ano, a mãe da jovem recebeu
uma carta com descrições detalhadas do corpo da filha. O texto dizia que
os restos mortais da modelo estão em um poço no bairro Planalto, na
região da Pampulha, na capital, mas o delegado Wagner Pinto descartou
buscas no local.
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